terça-feira, 30 de agosto de 2011

E cadê a inspiração? Foi embora junto com a minha pureza, a minha crença, a minha fidelidade. Eu sou comum, igualzinho a você, a vocês. Eu cometo erros mesquinhos e sou capaz de grandes momentos. Para cada grande momento, milhares de erros mesquinhos no ar, no lençol, no ralo de um banho cheiroso. Para cada fundo do poço, milhares de motivos de perdão boiando, bóias de coração para eu me agarrar. E eu nunca me agarro em mim, sempre espero alguém chegar. Eu não queria ter ido tão longe. Nem seguido um que não posso, nem aturando outro que nunca pude. Eu só queria que ele aparecesse, o homem que vai me olhar de um jeito que vai limpar toda a sujeira, o rabisco, o nó. O homem que vai ser o pai dos meus filhos e não dos meus medos. O homem com o maior colo do mundo, para dar tempo de eu ser mulher. Para dar tempo de seu ser criança, chorar para sempre. Para dar tempo de eu ser para sempre. Cansei de morrer na vida das pessoas. Por isso matei você. Antes que eu morresse de amor. Matei você. Eu sei que sou covarde. Surpreso? Eu não. Desculpa, eu tinha prometido nunca mais escrever tão subjetivamente.

Tati Bernardi

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